terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ANEL QUEBRADO...

       Sempre usei um anel de tucum no meu dedão da mão esquerda, ganhei de uma amiga no ensino médio, desde então nunca o tirei... Mas em um dia qualquer eu reparei que ele se quebrara! Não sei como, nem quando, simplesmente notei a rachadura nele e isso me trouxe uma dor terrível no coração. Parece um exagero, afinal, é só um anel, mas se pensar bem verá que não é...
                Como disse foi um presente de um amiga, isso já traz um grande peso, afinal uma lembrança de uma pessoa querida não é fácil de esquecer! Para ser bem direto lembre-se da sua infância e veja como em questão de segundos a imagem de velhos amigos virá a sua cabeça! Não é fácil jogar uma lembrança fora, não é fácil deixar pra trás algo que convivemos por tanto tempo.
                É verdade, já tive outros, mas não duraram comigo como esse, os outros foram levados ou talvez não tivessem tanta importância, simplesmente desapareceram em pouco tempo. Isso vale para lembrar que nada é eterno. A vida em si é assim, pessoas entram e saem na nossa vida, sempre deixam algo delas conosco, mas muitas vezes não dura o tempo necessário para se desenvolver algo precioso. Mas dessa vez não, já estava bastante tempo comigo, talvez a força daquela amizade tenha mantido isso até aqui. Como reza a lenda, precisava dessa proteção até esse momento e ao ver aquela rachadura foi assim que me senti: DESPROTEGIDO!
                Quer dizer, o tempo foi passando, eu fui mudando, as pessoas entraram e saíram de minha vida e eu tive aquilo sempre comigo, mas agora havia uma rachadura, havia algo que mostrava que já não servia mais! Tá, tudo bem, posso continuar usando, mas sempre haverá uma rachadura incomodando, não estará perfeito, sempre me lembrará que agora está frágil e em algum momento simplesmente se partirá para sempre. E o que fazer? Comprar outro! Lógico, mas não é tão fácil (isso mesmo, algo tão simples assim não é, na verdade, tão simples).
                Outro não terá toda história vivida, não terá participado de minhas lembranças... Mas se não o fizer, o perderei para sempre, só machucarei mais e tornarei uma simples rachadura em mil pedaços... E assim é a vida, não há como recuperar algo quebrado! Anéis não são como corações. Corações são fortes, mesmo machucados se regeneram e se fortalecem com cada arranhão, ficam mais ternos, sábios e fortes! Anéis desse tipo não, mesmo que se consiga tal façanha ele sempre irá ter um que de defeituoso, eles não vão aprender mais nada, ficarão eternamente quebrando até se tornarem inúteis. Isso vale para lembrar que as coisas são passageiras na nossa vida! A vida em si é passageira.
                Algo que me acompanhou por anos hoje tem uma rachadura e logo deverá ser trocado, mas como é difícil aceitar que tenho que mudar. Algo que se parte, não volta a ser como era antes... Como é difícil aceitar que nesse momento que estive distraído e ocupado cuidando de mim (crescendo) algo que considerava tão importante se partiu e agora precisa ser trocado antes que quebre de vez, até porque,com o tempo, começa a machucar o dedo... Isso me lembra da fábula do urso e da panela. Por vezes nos apegamos a uma determinada coisa que nos machuca e quanto mais machucado somos, mais a apertamos contra nossos corações por julgarmos precisar de tal coisa para viver ou sermos felizes, mas não é verdade, a felicidade não está em outro lugar se não em nós mesmos... Não precisamos de artifícios superficiais para sermos  felizes, sejam objetos, amores ou até mesmo dinheiro... Nada disso é importante se não estamos bem conosco.
                Outra coisa que isso lembra é que precisamos estar atento para as mudanças. Talvez um pouco mais de atenção tivesse me feito mais cauteloso e isso não teria acontecido, mas agora resta aceitar que o tempo passa, as coisas quebram, sentimentos mudam, pessoas mudam... Nós mudamos. Não sei quando encontrarei um anel diferente nem em quais circunstâncias isso acontecerá. Pra ser sincero, nem sei se estou pronto para me desfazer desse que me “protegeu” por tanto tempo, mas devo fazer isso antes que ele se quebre e eu não possa mais simplesmente guardá-lo, mesmo que rachado. É bom guardar com carinho as coisas que acompanham a gente por um determinado período, isso nos lembra que somos capazes de nos apegar e retribuir afetos.
                Vale lembrar que objetos são mais fáceis de substituir, independente do apego. Pessoas não! Pessoas não são objetos que passam na nossa vida, embora sentimentos mudem, amor se torne amizade, amizade se torne amor, amor em ódio, as pessoas não devem ser tratadas como objetos descartáveis, porque se o fizermos poderemos está a mercê de sermos descartados pela vida. Poderia dizer que eu simplesmente substituiria o quebrado por um novo, mas ai se perderia toda uma reflexão, afinal, até quando mudamos de roda de amigos é um processo lento que nos pega de surpresa. Não se pode negar que a mudança é algo crucial da vida e que em algum momento, em algum ponto do tear do destino, ela nos pega e faz com que amadureçamos sem notar. Dificilmente alguém parte um anel por querer...  Bem, estou apenas falando sozinho...
                

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ARRUMANDO O QUARTO....

... Estava de bobeira, como em um dia habitual, no meu quarto e me senti incomodado com alguma coisa, não sei, mas algo não me agradava. Foi então que percebi  a bagunça ao lado da TV atrás de mim. Alguns mangás, réguas, carregadores, entre outras coisas. Aquilo sempre esteve ali, o tempo todo, mas hoje me incomodava. Então resolvi arrumar! Porque não? Só pôr as coisas nos lugares, tirar essa pilha desajeitada.
            E foi assim que comecei a tirar tudo e aos poucos colocando no chão e organizando. Uma lanterna LED, ainda com a tira da cabeça, acho que não lembrei  de guardá-la. Talvez porque me lembra da viagem que fiz com a turma de agronomia, nossa primeira viagem! Lembra o acampamento, a caminhada, nossos risos. E a gente não gosta de simplesmente guardar as lembranças, não, a gente quer sempre que elas estejam por perto, principalmente quando são de bons momentos, aí dá nisso a gente vai deixando ali pra tá sempre por perto e acaba se perdendo no meio de todas as outras coisas da vida que também esperam pra  serem vividas... Foi então que puxei folhas de papeis, algumas anotações sem utilidades, há muito esquecidas, mas estavam lá, empilhando, talvez lembranças que não conseguia deixar pra trás. Separei numa pilha, tudo que não servia mais e fui colocando ali essas coisas que já não tinham mais significados. Me surpreendi como em um espaço tão pequeno consegui juntar tantas coisas inúteis. Será que faço isso no meu dia a dia? Junto coisas inúteis dentro de mim, pequenas, mas que no fim formam uma pilha enorme de inutilidades?...
            Mas não tinha apenas coisas inúteis, não! Arrumando fui colocando em ordem meus mangás, historias em quadrinhos no estilo japonês, historias que eu cuidadosamente fui colecionando, esperando o próximo capítulo, tentando seguir aqueles personagens criados. Uma besteira talvez, mas todos temos um passatempo! Afinal, o que seria da vida se não fossem as historias que acompanhamos e crescemos vendo-as se desenrolar. Pronto! Aquele canto estava organizado, mas só isso não bastava, havia mais bagunça se acumulando no meu quarto. Meu Deus o quanto eu andei distraído! Quanto tempo eu passei só acumulando bagunça dentro de mim e ao meu redor? Será que eu ainda posso organizar tudo isso? Bem não custa nada tentar não é?
            Comecei a tirar os livros empilhados, organizar outros quadrinhos. Aproveitei que separei os livros dos quadrinhos e, com o espaço que agora estava vazio, comecei a organizar os mangás. Algumas histórias já completas há muito tempo foram colocadas lá atrás, as que ainda estavam em andamento na frente, e a primeira que eu colecionei, bem na frente. Afinal, nossas primeiras historias sempre são as mais valiosas, viram lembranças memoráveis contadas nas rodas de amigos, mas isso não significa que os que ficaram lá atrás foram postos a mercê do tempo para serem esquecidos. Não! A gente sempre faz um esforço pra relembrar de tudo que passa na nossa vida, por vezes temos que tirar o que tá na frente para ver o que está por traz, pensando nisso, sabemos que não serão esquecidos. Como foi gostoso colocá-los em ordem, vendo os números completando-se e me mostrando que eu estive com eles em todos os momentos. Bem em uma das coleções faltava um numero, talvez não tivesse importância antes, mas olhando bem, isso me faz lembrar que por vezes desmereci algo que considerava importante pra não ficar por baixo, no final deu nisso, uma parte da história que eu vou ter que correr atrás para, quem sabe, conhecê-la completa um dia. Pode parecer pouco, apenas um exemplar, mas pense em quantas pessoas afastamos por puro orgulho, perdemos bons momentos que poderíamos ter vivido com elas e quando finalmente vencemos nosso orgulho a história não está mais como antes...
            E agora os livros! Ah! As preciosas historias, aventuras vivenciadas a cada virar de página. Olhei para eles postos em fila indiana, bem comportados. Faltavam alguns espaços. Livros emprestados que, talvez, nunca mais retornem, historias lindas, que agora estão em outros lugares. Penso que se fosse mais cuidadoso teria certeza que todos voltariam para minha mão, mas é comum do ser humano dar mais valor às histórias quando estas não podem mais serem relidas. Mas enfim, sei que alguns ainda voltarão, talvez tenha dado algum valor ainda e agora sei que darei ainda mais. O engraçado é que enquanto ia preenchendo os espaços achei um livro, “A Reliquia”, antigo, acho que ganhei com 16 anos, uma cena me veio à cabeça:
Ao telefone:
            - Filho, to voltando pra casa amanhã de manhã
            - Ta bem pai... Me traz alguma coisa
            - Ta bem, o que você quer?
            - Um livro! Qualquer um!
            - Ta bem, eu levo...
            Era sempre assim, ele sempre trazia, mesmo sem saber o que eu gostava de ler. Nunca li esse livro, pra ser sincero. Ainda preservo ele no plástico. Foi o ultimo livro que meu pai me dera. Depois dali entrei na universidade, calculo, lia outras coisas, procurava contar mais comigo e, antes que eu terminasse essa jornada universitária, ele me deixou. Se eu soubesse que esse seria o ultimo livro que ele me daria, acho que teria feito algo diferente, pra ser sincero acho que teria pedido outros ao longo da vida e lido todos junto com ele. Hoje me pergunto qual seria o próximo se tivesse pedido. Quando o encontrei dei um leve sorriso enquanto uma lagrima descia pelo meu rosto. Ao fundo tocava Adriana Calcanhoto: “Não é fácil, não pensar em você, não é fácil, não te contar meus planos...”. Quando arrumamos uma bagunça, corremos o risco de encontrar coisas que nos arrancarão lágrimas, afinal o coração da gente é muito maior do que o espaço que o aloja...
            Foi assim que olhei pra algo escondido no fundo de um dos espaços, outro livro: “A menina que roubava livros”. Uma historia que só fui até a metade! Acho que todo mundo já parou alguma coisa no meio, não porque não valesse a pena, mas simplesmente porque não nos atraiu, e por mais que tentássemos aquilo não prendia nossa atenção. Quem sabe um dia termine de ler... Mas ao menos ele voltou para o seu espaço. Já não havia mais um espaço vago ali. Por fim, quando tudo já estava terminando achei o meu precioso “o pequeno príncipe”. Foi na simplicidade dele que aprendi o que era cativar. Foi quando descobri que o essencial é invisível aos olhos e que na época eu era jovem de mais para entender o que era amar. Mas hoje sei o quão aquela rosa é única no mundo, fui cativado e cativei várias pessoas. Então para quem me ensinou essa e outras lições, coloquei em um lugar especial.
            Bem, por fim dei um trato nas minhas gavetas, anotações, textos, folhas, mil coisas imprestáveis, empilhadas em cantos que poderiam guardar preciosidades. Tudo para o lixo! Impressionei-me como poderia caber tanta inutilidade em um lugar tão pequeno! Senti-me mais aliviado, o coração mais leve quando joguei tudo fora. Ainda há lugares para serem arrumados, mas sou humano, um passo de cada vez. Olhei para tudo e ainda senti algo estranho. Não era o quarto em si que estava bagunçado, mas eu que estava mudando e meu interior estava tão desorganizado que eu precisava organizar meu coração, achar espaço para as coisas novas e jogar fora tudo que fosse imprestável, tudo que empilhava e o deixava pesado.
No fundo sabemos que quando começamos a arrumar nosso quarto, na verdade, é nosso interior que precisa ser organizado. Porque não aproveitamos que o ano está apenas começando e organizamos nosso quarto, jogamos todas as coisas que não fazem mais sentido no lixo, larguemos aquilo que nos apegamos, mas que hoje só entulha nossa vida. Quem sabe descobriremos que nós temos um espaço muito bonito dentro da gente... É algo para se pensar sozinho!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A PESSOA ERRADA

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, 
não existe uma pessoa certa pra gente 
Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é,
na verdade, a pessoa errada 
Porque a pessoa certa faz tudo certinho 
Chega na hora certa, 
Fala as coisas certas, 
Faz as coisas certas, 
Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas 
Aí é a hora de procurar a pessoa errada 
A pessoa errada te faz perder a cabeça 
Fazer loucuras 
Perder a hora 
Morrer de amor 
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar 
Que é prá na hora que vocês se encontrarem 
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa 
Essa pessoa vai te fazer chorar 
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas 
Essa pessoa vai tirar seu sono 
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível 
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão 
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado 
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você 
Vai estar o tempo todo pensando em você 
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo 
Porque a vida não é certa 
Nada aqui é certo 
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo 
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo 
E só assim é possível chegar àquele momento do dia 
Em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo
Quando na verdade 
Tudo o que Ele quer 
É que a gente encontre a pessoa errada 
Para que as coisas comecem a realmente funcionar direito prá gente.
Nossa missão:
Compreender o universo de cada ser humano, 
respeitar as diferenças,
brindar as descobertas, 
buscar a evolução. 
 


Quando a gente acha que tem todas as respostas,
vem a vida e muda todas as perguntas ...