segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A ARTE DE "SER DIFERENTE"

 Lembro-me de quando decidi pintar meu quarto, não sabia ainda que cor, mas as paredes brancas me enjoavam, eu não sentia que aquele espaço estava “à minha cara” então eu disse, vou pintar meu quarto! Porém, as pessoas me desencorajaram logo de inicio, ouvi muitos não, mas nenhum eu te ajudo... Enfim, comprei as tintas e pintei! Lembro-me que cometi todos os erros possíveis que se faz até entender como funcionava o negócio. Para fazer os desenhos resolvi cortar os moldes já colados na parede e o estilete cortou a tinta, fui descascar a parte pra repintar acabei tirando a tinta da parede toda (ainda hoje rio disso), repintei e escolhi fazer da forma mais difícil, desenhar traço a traço, nas quatro paredes e só então aplicar a outra cor pra cobrir o tracejado dos desenhos... Em três dias eu deixei meu quarto da forma como eu queria e todas as pessoas que me desencorajaram agora elogiavam e pediam pra fazer o mesmo...
                Depois disso, do nada, resolvi pintar um quadro e novamente me falaram as mesmas coisas, não deveria, que era difícil e pintar pra que? Não dei ouvidos, juntei o dinheiro, comprei todas as tintas possíveis, telas de variados tamanhos e pinceis, fiz meu primeiro quadro sem saber de nada, apenas desenhei e ia pintando e novamente cometi todos os erros possíveis, o quadro ficou um tanto que bom, mas após isso li mais sobre pintura, técnicas e formas de fazer, até que finalmente consegui pintar um quadro com textura no desenho do tecido, enfim, da forma certa...
                Da mesma forma eu aprendi crochê, culinária e outras coisas mais, eu ia tentando, a vontade me vinha e eu ia lá e fazia, errava e aprendia. O que mais me impressionou foi que em todas as vezes as pessoas me aconselharam a desistir, em todas elas as perguntas era pra que isso? Ou desista, não é fácil, não é coisa de homem, não faça... não, não e mais nãos... As pessoas sempre me disseram nãos e eu logo as surpreendia. Então eu pergunto, porque nunca dei ouvido a elas? Talvez se eu tivesse dado ouvido hoje meu quarto ainda seria branco, não teria os desenhos na parede que me acalmam antes de dormir, eu não teria idéia do tamanho da minha criatividade nem teria relaxado depois de um dia de trabalho intenso. Se eu tivesse ouvido os nãos, eu não teria me sujado com as tintas, borrado e tentado consertar e feito efeitos que nem eu imaginava ser possível, eu não teria esquecido da vida naquelas férias, não teria me sujado de tinta, não teria sentido o cheiro da tinta... Acima de tudo, não teria errado e com certeza não teria aprendido.
                As pessoas têm medo de errar e isso faz com que elas se tornem apenas mais um bonequinho que segue a vontade da massa, perfeitos por fora e incompletos por dentro. Cheios de desejos guardados, porque o medo de errar e os ouvidos atentos esperando alguém que os puxe pelo braço e os dê incentivo os forçam a ficar parados e estagnados sendo mais igual a todo mundo.
                Sentir o cheiro da tinta, o nervosismo da duvida sem saber se ia ficar bom, da forma que queria me fez mais forte hoje... Por incrível que possa parecer, coisas simples transformam nosso interior. Sou cercado de nãos por todas as partes, mas aprendi a ignorá-los, avaliá-los, diferenciá-los... Aprendi a não escutar simplesmente, observar, analisar e seguir, aceitar as portas abertas com alegria e abrir uma nova sempre que esta se fecha. As pessoas têm medo daqueles que se destacam, têm medo de ficar para trás, presas nos próprios medos, nas próprias dúvidas enquanto outros se libertam e as deixam para trás, daí o tanto de nãos distribuídos. Às vezes lembro-me do que muitas delas me falaram e noto que na maioria das vezes elas defendiam os próprios interesses, a própria falta de vontade de crescer e observar alguém deixando elas para trás porque estava crescendo sozinho.
                Mas a questão é exatamente essa, não devemos dar ouvidos ao que vem de fora, a nossa verdadeira força de vontade está dentro de nós, um não é simplesmente uma palavra qualquer de três letras quando vem de fora, mas pode ser muito trágico se ela conseguir penetrar no nosso interior e impedir de sermos tudo que poderíamos ser e simplesmente escolhemos não o ser. Podemos ter tudo que quisermos se nos permitimos errar de vez em quando e aprender com os mesmos erros, mas se escutarmos o que vem de fora, talvez nunca saibamos nem quem nós somos.
                A verdade é que devemos esquecer dos outros, devemos, por mais duro que seja, desapegar de quem nos anula, desapegar de quem nos torna igual aos outros e conviver com quem nos faz unos, com quem valoriza o nosso desenvolvimento e acima de tudo, conviver com nós mesmos, aceitar quem realmente somos e desenvolver sempre nosso potencial, acima de qualquer negação que as pessoas nos dêem... Afinal, lembre-se que viver na normalidade é anular todas as possibilidades de respostas das questões mais íntimas. É esquecer-se da possibilidade de que podemos fazer o amanhã diferente do hoje e acima de tudo, é esquecer que nós nascemos para ser únicos. Sempre fale isso para você mesmo, nem que seja sozinho! Temos um potencial infinito que só nos é revelado quando nos afastamos de todos os nãos que nos foram impostos... Permita-se se sujar de tinta sempre!

4 comentários:

  1. Belo texto, tato! Concordo com você que muitos "nãos" nos são apresentados justamente pq as pessoas tem medo de ficarem sozinhas na estagnação que escolheram! (E estou surpreso com o crochê, não sabia deste seu dom...rs)

    ResponderExcluir
  2. Tatooo faço um monte de coisa, basta me sentir entediado e aprendo uma nova XD... tricotaremos qq dia desses!

    ResponderExcluir
  3. Parabéns pelo belíssimo texto, como sempre, você se superando em tudo o que faz...você é
    sucesso sempre!!!

    ResponderExcluir