terça-feira, 27 de dezembro de 2011

RENOVAR-SE

                  Nem sempre que a chuva cai ela me molha, as vezes estou protegido por paredes que acham que me protegem, mas, na verdade me prendem. Eu desejo fielmente que a chuva me molhe todas as vezes que ela cai. Seu som me acalma me traz paz! É uma música que preenche os cantos vazios da minha vida... A chuva é uma forma de música doce para quem viveu tantos anos em uma solidão interior, pra quem viveu no mundo, mas não estando necessariamente no mundo.
                É tão doce a forma como as gotas tocam o chão. É tão inovadora a forma como acontece... Como toda a dor, ela vem e tira a cor das coisas dando uma tonalidade acinzentada a tudo, todo sofrimento, toda a mágoa e frustração... Toda aquela sujeira das paredes que deixam o quarto imundo e feio, tudo é coberto por um tom cinza. E aí o vento vem, varre a sujeira, mexe a poeira, começa calmo e se agita, e se fortalece, mesmo que às vezes não passe de uma simples brisa. Tão logo em seguida, das nuvens cinza vem às gotas, serenas e límpidas. São como lágrimas doces de lembranças dos tempos que teimamos em manter esquecidos, mas quando vem nos arrancam um leve sorriso...
                E aí começa, as gotas caem e trazem o som que alimentam as lembranças. As gotas vão caindo, se espalhando, tocando sua música, lavando as paredes, o chão, o coração... Quando a chuva toca a pele, lava a cabeça, o corpo, a alma, lava a tristeza! Quando estou trancado, lava as lembranças... E depois ela escorre, levando os tons de cinza, as mágoas, as lembranças ruins, as tristezas... Ela leva toda a lama pra longe, distante do coração. Antes de partir, ela tinge o céu em sete cores e o sol faz questão de espalhá-las e assim, aos poucos, as cores vão tomando seu lugar, desfazendo o tom de cinza. As folhas se tornam novamente verdes, o céu novamente azul e os sorrisos novamente lindos! Sem resquícios de sujeira. 
                Sentir as gotas de chuva na pele, lavando a dor e trazendo as cores da alegria infinita é algo que eu desejo a todo dia, tão logo alguma coisa ruim insista em querer manchar as paredes da minha vida, mas às vezes estamos presos a uma falsa sensação de segurança, atrás de paredes invisíveis que nos priva dessa limpeza... Então nos resta o som da chuva, que traz a lágrima que limpa as paredes sujas do nosso coração... São coisas que eu apenas falo sozinho!

domingo, 27 de novembro de 2011

A Carta do Cacique Seattle, em 1855

Algo para se pensar:


Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. A carta:

    "O grande chefe de Washington mandou dizer que quer comprar a nossa terra. O grande chefe assegurou-nos também da sua amizade e benevolência. Isto é gentil de sua parte, pois sabemos que ele não necessita da nossa amizade. Nós vamos pensar na sua oferta, pois sabemos que se não o fizermos, o homem branco virá com armas e tomará a nossa terra. O grande chefe de Washington pode acreditar no que o chefe Seattle diz com a mesma certeza com que nossos irmãos brancos podem confiar na mudança das estações do ano. Minha palavra é como as estrelas, elas não empalidecem.
Como pode-se comprar ou vender o céu, o calor da terra? Tal idéia é estranha. Nós não somos donos da pureza do ar ou do brilho da água. Como pode então comprá-los de nós? Decidimos apenas sobre as coisas do nosso tempo. Toda esta terra é sagrada para o meu povo. Cada folha reluzente, todas as praias de areia, cada véu de neblina nas florestas escuras, cada clareira e todos os insetos a zumbir são sagrados nas tradições e na crença do meu povo.
    Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de viver. Para ele um torrão de terra é igual ao outro. Porque ele é um estranho, que vem de noite e rouba da terra tudo quanto necessita. A terra não é sua irmã, nem sua amiga, e depois de exaurí-la ele vai embora. Deixa para trás o túmulo de seu pai sem remorsos. Rouba a terra de seus filhos, nada respeita. Esquece os antepassados e os direitos dos filhos. Sua ganância empobrece a terra e deixa atrás de si os desertos. Suas cidades são um tormento para os olhos do homem vermelho, mas talvez seja assim por ser o homem vermelho um selvagem que nada compreende.
Não se pode encontrar paz nas cidades do homem branco. Nem lugar onde se possa ouvir o desabrochar da folhagem na primavera ou o zunir das asas dos insetos. Talvez por ser um selvagem que nada entende, o barulho das cidades é terrível para os meus ouvidos. E que espécie de vida é aquela em que o homem não pode ouvir a voz do corvo noturno ou a conversa dos sapos no brejo à noite? Um índio prefere o suave sussurro do vento sobre o espelho d'água e o próprio cheiro do vento, purificado pela chuva do meio-dia e com aroma de pinho. O ar é precioso para o homem vermelho, porque todos os seres vivos respiram o mesmo ar, animais, árvores, homens. Não parece que o homem branco se importe com o ar que respira. Como um moribundo, ele é insensível ao mau cheiro.
Se eu me decidir a aceitar, imporei uma condição: o homem branco deve tratar os animais como se fossem seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo que possa ser de outra forma. Vi milhares de bisões apodrecendo nas pradarias abandonados pelo homem branco que os abatia a tiros disparados do trem. Sou um selvagem e não compreendo como um fumegante cavalo de ferro possa ser mais valioso que um bisão, que nós, peles vermelhas matamos apenas para sustentar a nossa própria vida. O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem os homens morreriam de solidão espiritual, porque tudo quanto acontece aos animais pode também afetar os homens. Tudo quanto fere a terra, fere também os filhos da terra.
    Os nossos filhos viram os pais humilhados na derrota. Os nossos guerreiros sucumbem sob o peso da vergonha. E depois da derrota passam o tempo em ócio e envenenam seu corpo com alimentos adocicados e bebidas ardentes. Não tem grande importância onde passaremos os nossos últimos dias. Eles não são muitos. Mais algumas horas ou até mesmo alguns invernos e nenhum dos filhos das grandes tribos que viveram nestas terras ou que tem vagueado em pequenos bandos pelos bosques, sobrará para chorar, sobre os túmulos, um povo que um dia foi tão poderoso e cheio de confiança como o nosso.
De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo pela luta pela sobrevivência.
    Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum."



visitem:
http://movimentogotadagua.com.br/

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A ARTE DE "SER DIFERENTE"

 Lembro-me de quando decidi pintar meu quarto, não sabia ainda que cor, mas as paredes brancas me enjoavam, eu não sentia que aquele espaço estava “à minha cara” então eu disse, vou pintar meu quarto! Porém, as pessoas me desencorajaram logo de inicio, ouvi muitos não, mas nenhum eu te ajudo... Enfim, comprei as tintas e pintei! Lembro-me que cometi todos os erros possíveis que se faz até entender como funcionava o negócio. Para fazer os desenhos resolvi cortar os moldes já colados na parede e o estilete cortou a tinta, fui descascar a parte pra repintar acabei tirando a tinta da parede toda (ainda hoje rio disso), repintei e escolhi fazer da forma mais difícil, desenhar traço a traço, nas quatro paredes e só então aplicar a outra cor pra cobrir o tracejado dos desenhos... Em três dias eu deixei meu quarto da forma como eu queria e todas as pessoas que me desencorajaram agora elogiavam e pediam pra fazer o mesmo...
                Depois disso, do nada, resolvi pintar um quadro e novamente me falaram as mesmas coisas, não deveria, que era difícil e pintar pra que? Não dei ouvidos, juntei o dinheiro, comprei todas as tintas possíveis, telas de variados tamanhos e pinceis, fiz meu primeiro quadro sem saber de nada, apenas desenhei e ia pintando e novamente cometi todos os erros possíveis, o quadro ficou um tanto que bom, mas após isso li mais sobre pintura, técnicas e formas de fazer, até que finalmente consegui pintar um quadro com textura no desenho do tecido, enfim, da forma certa...
                Da mesma forma eu aprendi crochê, culinária e outras coisas mais, eu ia tentando, a vontade me vinha e eu ia lá e fazia, errava e aprendia. O que mais me impressionou foi que em todas as vezes as pessoas me aconselharam a desistir, em todas elas as perguntas era pra que isso? Ou desista, não é fácil, não é coisa de homem, não faça... não, não e mais nãos... As pessoas sempre me disseram nãos e eu logo as surpreendia. Então eu pergunto, porque nunca dei ouvido a elas? Talvez se eu tivesse dado ouvido hoje meu quarto ainda seria branco, não teria os desenhos na parede que me acalmam antes de dormir, eu não teria idéia do tamanho da minha criatividade nem teria relaxado depois de um dia de trabalho intenso. Se eu tivesse ouvido os nãos, eu não teria me sujado com as tintas, borrado e tentado consertar e feito efeitos que nem eu imaginava ser possível, eu não teria esquecido da vida naquelas férias, não teria me sujado de tinta, não teria sentido o cheiro da tinta... Acima de tudo, não teria errado e com certeza não teria aprendido.
                As pessoas têm medo de errar e isso faz com que elas se tornem apenas mais um bonequinho que segue a vontade da massa, perfeitos por fora e incompletos por dentro. Cheios de desejos guardados, porque o medo de errar e os ouvidos atentos esperando alguém que os puxe pelo braço e os dê incentivo os forçam a ficar parados e estagnados sendo mais igual a todo mundo.
                Sentir o cheiro da tinta, o nervosismo da duvida sem saber se ia ficar bom, da forma que queria me fez mais forte hoje... Por incrível que possa parecer, coisas simples transformam nosso interior. Sou cercado de nãos por todas as partes, mas aprendi a ignorá-los, avaliá-los, diferenciá-los... Aprendi a não escutar simplesmente, observar, analisar e seguir, aceitar as portas abertas com alegria e abrir uma nova sempre que esta se fecha. As pessoas têm medo daqueles que se destacam, têm medo de ficar para trás, presas nos próprios medos, nas próprias dúvidas enquanto outros se libertam e as deixam para trás, daí o tanto de nãos distribuídos. Às vezes lembro-me do que muitas delas me falaram e noto que na maioria das vezes elas defendiam os próprios interesses, a própria falta de vontade de crescer e observar alguém deixando elas para trás porque estava crescendo sozinho.
                Mas a questão é exatamente essa, não devemos dar ouvidos ao que vem de fora, a nossa verdadeira força de vontade está dentro de nós, um não é simplesmente uma palavra qualquer de três letras quando vem de fora, mas pode ser muito trágico se ela conseguir penetrar no nosso interior e impedir de sermos tudo que poderíamos ser e simplesmente escolhemos não o ser. Podemos ter tudo que quisermos se nos permitimos errar de vez em quando e aprender com os mesmos erros, mas se escutarmos o que vem de fora, talvez nunca saibamos nem quem nós somos.
                A verdade é que devemos esquecer dos outros, devemos, por mais duro que seja, desapegar de quem nos anula, desapegar de quem nos torna igual aos outros e conviver com quem nos faz unos, com quem valoriza o nosso desenvolvimento e acima de tudo, conviver com nós mesmos, aceitar quem realmente somos e desenvolver sempre nosso potencial, acima de qualquer negação que as pessoas nos dêem... Afinal, lembre-se que viver na normalidade é anular todas as possibilidades de respostas das questões mais íntimas. É esquecer-se da possibilidade de que podemos fazer o amanhã diferente do hoje e acima de tudo, é esquecer que nós nascemos para ser únicos. Sempre fale isso para você mesmo, nem que seja sozinho! Temos um potencial infinito que só nos é revelado quando nos afastamos de todos os nãos que nos foram impostos... Permita-se se sujar de tinta sempre!

domingo, 24 de julho de 2011

PRECONCEITOS



Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.
Passado algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, sendo rapidamente retirado pelos outros, que o encheram de pancada. Depois de algumas porradas, o novo membro do grupo já não subia mais a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo primeiro substituto participado, com entusiasmo, na surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído.    Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam a bater naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles por que batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...

É mais fácil desintegrar um átomo do que um preconceito.
Einstein

O homem só precisa de algo para odiar porque ele não entende o que significa amar....

sábado, 23 de julho de 2011

QUASE...

Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são. Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém,preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.

(Luís Fernando Veríssimo)

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Pela Metade...

Sabe, observando meu caderno de desenho percebi que há vários deles que estão pela  metade, desenhos que nunca serão terminados, sempre ali, esperando para se tornar alguma coisa... Aí eu parei pra pensar: Na vida, muitas vezes vivemos apenas pela metade!
                São momentos não terminados, sonhos não completados, abraços trocados por aperto de mão, carinhos trocados por sorrisos amarelos, até mesmo olhares trocados pela metade... Conversas, músicas, tempo, convivência... Tantas coisas que queremos ir a fundo e muitas vezes nos retemos, nos prendemos e deixamos uma parte para ser vivida depois... Um depois que nunca chega que cai no esquecimento e logo em seguida vira saudade... Saudade de tantas coisas que a gente nunca viveu e nem voltará a viver.
                Talvez chegar até a metade de um caminho incerto seja até bom para evitar fazer algo que podemos nos arrepender depois, mas creio que essa certeza só se tem quando se chega ao fim da trilha, o que por muitas vezes, nos leva a uma sensação de liberdade, maturidade e conseqüentemente aprendizado mil vezes melhor do que quando paramos tudo pela metade. Imagino se toda a essência do drama fosse vivida pela metade, talvez Romeu e Julieta não fossem o amor mais sonhado, talvez Shakespeare não tivesse escrito nada... Se a luz fosse metade a outra parte seria o que? Escuridão? Mas se essa também fosse apenas até a metade, o que restaria depois? Acredito que um vazio, um vazio de coisas que não foram sonhadas ou que não podem ser sonhadas, não podem ser vividas e caem no esquecimento, porque momentos não voltam...
                E tudo isso pra que? Pra que os outros não se sintam envergonhados de como sua vida é plena e feliz? Para que os outros não sintam para baixo por não conseguirem viver a fundo o sucesso que você tem? Para que os outros... os outros... os outros... Continuem com seus padrões, pré formados e calculados, de o quanto se é permitido ser você mesmo para que sua felicidade não incomode? Chega a ser um abuso contra os sonhadores, os poetas, os idealizadores... Aqueles que realmente podem e conseguem transformar o mundo.
                Já pensou se todo artista deixasse sua obra pela metade, o que seria admirado? Se só metade do mundo fosse construída, o que existiria do outro lado? Essa idéia de vazio me perturba e incomoda, toda vida que penso nas coisas que vivi só pela metade, só o começo do verdadeiro sorriso que há em mim e isso me faz pensar em quantas outras pessoas estão por ai, se inibindo para não ser inteiramente uma cor que fará desse mundo um lugar bem melhor, bem mais colorido e intenso!
                De quanto tempo precisa-se para recuperar um momento perdido? Talvez mais tempo do que se tem para viver a partir de agora... Então é a hora de dar um basta nessa ideologia imposta sobre o certo e errado, está na hora de sonhar e ir bem mais além, viver um sonho verdadeiro, construir criar e recriar todas as regras que regem a vida e ser mais belo do que os tons de cinza que pairam na memória... Está na hora de acabar cada desenho que deseja ter seus traços definidos e ter uma história bem melhor para contar do que a que paira entre os limites da própria existência... Bem, ninguém pode viver falando sozinho... Não viva pela metade! Seja completo sempre!

terça-feira, 14 de junho de 2011

As Três Peneiras...


Um rapaz procurou Sócrates e disse-lhe que precisava contar-lhe algo sobre alguém. 
        Sócrates ergueu os olhos do livro que estava lendo e perguntou:
      - O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
           - Três peneiras?  - indagou o rapaz.
          - Sim ! A primeira peneira é a VERDADE. O que você quer me contar dos outros é um fato? Caso tenha ouvido falar, a coisa deve morrer aqui mesmo. Suponhamos que seja verdade. Deve, então, passar pela segunda peneira: a BONDADE. O que você vai contar é uma coisa boa? Ajuda a construir ou destruir o caminho, a fama do próximo? Se o que você quer contar é verdade e é coisa boa, deverá passar ainda pela terceira peneira: a NECESSIDADE. Convém contar?  Resolve alguma coisa? Ajuda a comunidade? Pode melhorar o planeta?

        Arremata Sócrates:
        - Se passou pelas três peneiras, conte !!! Tanto eu, como você e seu irmão iremos nos beneficiar.
Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.


Não veja o mal - Não divulgue o mal - Não ouça o mal

sábado, 14 de maio de 2011

Solucionar é melhor que errar!

O erro faz parte da rotina humana, todo mundo em algum momento da vida já errou, nem que seja nas maiores besteiras, mas já errou! Eu não sou a pessoa mais tolerante a erros do mundo, talvez porque tenha cometido o maior numero deles durante o tempo que já vivi e tenha percebido o mal que cada um deles faz, ou talvez só porque eu simplesmente saiba que a maioria deles pode-se ser evitado com um pouco mais de atenção, mas fazer o que? Mesmo sabendo disso ainda continuamos nos distraindo.
            Não gosto de pensar no que saiu errado, gosto de pensar em soluções. As vezes eu olho pra trás e vejo todas as coisas que fiz de errado e penso que cada uma delas há uma forma de ser recuperadas, lógico que nem todas. Ninguém sabe quanto tempo é preciso para recuperar um momento que se passou, por isso que eu dispenso explicações quando as coisas saem errado! Não se explique! explicações são para pessoas que sabem que vão repetir o mesmo erro novamente, apenas diga como aconteceu e apresente uma solução, diga o que você está disposto a fazer para recompensar, do contrário cale-se! Ninguém precisa saber que você não fará nada ou não sabe o que fazer, incompetência gera simplesmente incompreensão. Pessoas que se importam procuram resolver as coisas que saem errado e por isso compreendem quando as pessoas erram com ela e tem boas intenções, afinal a gente sente o tanto que uma pessoa se importa realmente com a gente!
            Sinceramente, as vezes sinto falta de coisas antigas, talvez amizades que deram errado por duelos de gênios... Acho que se eu tivesse dispensado tantas explicações poderia simplesmente ter apresentado soluções, mas pra certas coisas resta-nos somente o tempo! O que não está em nossas mãos não depende inteiramente do nosso esforço. Não se deve dobrar o joelho em imploração, isso causa humilhação. Curvar-se somente para Deus, nenhum ser humano é digno de imploração, seres humanos esperam apenas atitudes!
Às vezes decisões erradas nos levam a acertos mil vezes melhores, isso porque quando aprendemos a olhar para as soluções, a vida se torna mais fácil. Nunca entendi porque o ser humano gosta tanto de complicar as coisas, seja no amor, nas amizades ou até mesmo no trabalho, eles não querem soluções, querem complicações e depois reclamam por estar complicado! A paz interior é uma dádiva conquistada, depois de todas decisões erradas no amor, encontrei-o de verdade, depois de tantas irritações por motivos errados, conquistei os melhores amigos da minha vida, depois de tanto aceitar fazer trabalhos que era errados para mim, cheguei ao lugar onde me sinto bem e me levará onde quero estar, enfim depois de tanto ver os motivos dos meus erros, aprendi a solucionar todos os meus anseios. Não me tornei auto-suficiente, estou longe disso, afinal ainda preciso do meu amor, da minha família, dos meus amigos e acima de tudo de Deus na minha vida, mas hoje em dia sei que posso servir melhor aos demais se passar menos tempo reclamando e mais tempo solucionando os problemas. Afinal, quem nunca errou na vida está precisando começar a viver de verdade! Lembre-se sempre que a questão não é evitar errar, mas sim saber encontrar a solução para o que você fez de errado! Indague isso consigo mesmo! Fale sozinho!

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Pensamentos Soltos...

                Olha pro céu é sempre algo magnífico, não importa se você o faz de dia ou à noite, você sempre verá algo diferente se realmente estiver apto a apreciar sua beleza. É assim que geralmente penso na vida, afinal, estamos sempre caminhando pra algum lugar, mesmo que seja se perdendo por caminhos difíceis, mas estamos indo para algo que chamamos de futuro! Algo que dia após dia vamos tentando construir para se um lugar melhor pra gente. O que seria o futuro se não o fruto do nosso próprio egoísmo? Afinal, corremos atrás de algo melhor para nós, uma vida melhor, sermos alguém melhor, fazermos coisas úteis e melhores e por ai vai, é sempre o “eu” que vai dominar, mas pra ser sincero, esse é o único tipo de egoísmo que vale a pena, enfim, quando conseguimos melhorar tudo isso, melhoramos uma parcela da vida dos outros também... Por mais engraçado que isso possa parecer.
                O bom de olhar para o céu de dia é que ele pode estar cheio de nuvens, que podem se transformar em desenhos para os criativos, ou preocupações para aqueles que se importam com a chuva (o que não é muito impressionante), mas para mim, serão sempre milhares de sonhos, transloucados, perdidos e vibrantes, voando por ai como pedaços de algodões devidamente encaixados numa tela perfeitamente pintada. É assim que eu percebo que os sonhos nada mais são do que nuvens que pairam acima de nossa cabeça e para alcançá-los basta apenas chegar logo ali. Ter coragem de ir construindo uma escada, real ou sonhada, degrau por degrau até estar próximo do azul cheio de nuvens. Nem sempre estamos disposto a tal e é bem certo que cansa as vezes, mas basta sentar e observar como tudo fica quando o sol se põe que a coragem volta, e os tons de laranja de um belo por do sol (suado do trabalho duro) revigora as forças da alma e traz uma paz inebriante ao coração.
                Para os enamorados e, mesmo que curioso, para os céticos, eu recomendo a noite. Aprecie cada detalhe do tom negro que esta hora fornece. Cada pontinho luminoso parece um olhar diferente, quem sabe alguém que você mais ama, ou sente saudade esteja ali, olhando para você na estrela que mais brilhar. Talvez seja por isso que os casais amem olhar para o céu a noite. Já dizia o Saint-exupéry: “E gosto, à noite, de escutar as estrelas. É como ouvir quinhentos milhões de guizos...”. Parece milhões de olhares sorridentes, ai, por um breve momento a gente se distrai e repara na lua, que faz um show esplêndido, mesmo quando está minguando.
                É assim que se resume o ato de olhar para o céu, uma loucura que leva a cada momento já vivido. É o sonho intocado de cada cristão, ser bom para chegar ao céu! O que os sonhadores fazem apenas num fechar de olhos. Acho engraçado que as cores não fazem brigas entre si, não! Elas se completam sem preconceito. O que faz perceber que preconceitos são coisas impostos por nós, meros mortais gananciosos. Por que o céu em toda sua extensa beleza foi feito para que todos nós achemos um lugarzinho para construir nosso pensamento sobre tudo que já fizemos, como nuvens carneirinhos brancos, seguindo ordenadamente para um rumo que não sabemos. Enfim, são apenas pensamentos perdidos que deixo acontecer enquanto observo o céu, apenas falando comigo mesmo...

domingo, 10 de abril de 2011

Parte de mim...

Que a distância que se formou entre nós não seja morte premedidata
De todos os sonhos que vivemos, Dormindo ou acordados,
Porque uma parte de mim é sonho e a outra parte realidade
Que a tua voz vibrante e melodiosa seja mais forte que este silêncio
E que meus lábios possa dizer Te Amo mesmo em minha constante ausência
Porque uma parte de mim é meu grito e a outra parte é silêncio
Que minha face mostrada em video nunca gere esquecimento
Que possa ser vista e lembrada muito mais que um momento
Porque uma parte de mim foi filmada e a outra parte a ti está reservada
Que a tua vontade de me encontrar não se deixe vencer por minhas palavras de adeus
E por mais que elas tenham sido convincentes não deixe que prevaleça em tua mente
Porque uma parte de mim foi partida, onde outra parte aguarda tua chegada
Que o medo da desilusão não o afaste, que a esperança perpetue em tua face
Que possa lembrar de mim com um sorriso, muito mais que eu possa dá-lo
Que possa sentir meu carinho, mesmo sem que possa tocá-lo
Para que uma parte de mim seja presente que viveu em teu passado.
Mas que este passado vire abrigo onde habita a saudade
Para que um dia possamos ser muito mais que casualidade
E que em meu habitat de sonho você possa viver de verdade
E neste teu mundo diferente eu consiga viver derepente
Que o som da natureza te aplauda mais alto que todos os sons que já ouviste do palco
Porque se uma parte de você é canção e a outra parte sou eu
Uma parte de mim é você e a outra parte é você também.
Porque uma parte de mim é amor e a outra parte também

(Fernanda Queiroz)

domingo, 3 de abril de 2011

A Arte de Caminhar



                Acho engraçada a arte de caminharr... Não se pode apressar o passo, nem diminuir o ritmo, deve-se apenas ir colocando um passo na frente do outro. E conforme vamos andando a paisagem vai mudando, vamos crescendo e enquanto mantivermos esse ritmo, chegaremos onde pretendemos ir, isso se tivermos um local que gostaríamos de chegar, do contrario, estaremos indo pra lugar algum, o que pode ser bom ou ruim... Enfim, todo mundo anda!
                Basta pensar nas vezes que estivemos com os amigos, desde a primeira vez. Os risos foram mudando, os assuntos foram amadurecendo. Até nossa forma de se vestir vai mudando. No começo somos completamente infantis, depois passamos por algumas fases fúteis (que no fundo não admitimos que passamos por elas) até que depois de muitos tropeços e caminhos errados acabamos tendo que amadurecer. O engraçado é que todo mundo um dia tem que amadurecer, afinal, não vale a pena continuar repetindo sempre os mesmos erros. Sempre que quisermos ter um resultado diferente, devemos fazer algo diferente, ninguém pode obter algo diferente fazendo a mesma coisa sempre. Mudar é preciso, alguns fazem isso cedo, outros demoram tanto que quando percebem, já perderam muito tempo! Mas um dia o fazem!
                Caminhar é isso! Ter tempo pra o próprio tempo. Aprender a amar, aprender a sorrir, aprender a chorar, a se desculpar, a perdoar. Andar é não ter pressa de ser um aprendiz! É bem certo que podemos correr de vez em quando, mas, mais certo ainda, é que quando corremos, principalmente se não tivermos preparo para tal, cansamos mais rápido, logo temos que parar e passar um bom tempo parado, descansando. Mas quem nada não, quem anda, com calma, na paz, chega longe, o coração tem paz, não bate acelerado. Defino andar como o amor, sereno e maduro, meigo e eficaz! Já correr é como a paixão: acelera o peito, avassaladora, nos toma o fôlego e se não descansarmos acaba com a gente.
                O mais interessante na caminhada é que nunca estamos sozinhos, sempre há pessoas do nosso lado, há sempre alguém pra estar com a gente compartilhando toda a paisagem de uma vida, mas há trechos que devemos passar sozinhos, não porque estamos sozinhos, mas a montanha do crescimento exige que passemos por ela com nossas próprias forças, se não seremos fracos e dependentes sempre. Se não aprendemos a caminhar com nossos próprios pés, como vamos ter coragem de dar uma volta à noite, sozinho, para apreciar as estrelas, amar a lua e deixar os pensamentos livres? Ninguém vive plenamente se nunca, em algum momento, apreciou a brisa noturna sobre o véu de estrelas. A noite alimenta os sonhos e nos renova as forças da caminhada.
                Outra coisa que deve ser aprendido é que certas pessoas trilham caminhos com a gente, mas isso não significa que elas trilharão para sempre, treinar o desapego é preciso, não por frieza, mas se você parar de andar em sua direção, para seguir a direção de outra pessoa, logo você se perderá e não vai saber mais como voltar. Se desprender é preciso, assim como o rio corre para o mar, deve ser a gente seguindo para o infinito. Superando os obstáculos naturais que aparecem na vida e embelezando tudo por onde passa. Assim, algum dia alguém pode estar andando na mesma direção e aí, além de livre, você vai estar no rumo certo para a felicidade junto à alguém.
                Enfim, a vida inteira por si só é uma eterna arte de caminhar. São passos lentos, cheios de tropeços, descidas e subidas que vale a pena ser trilhada com calma, sem desespero. Bem certo que as vezes nos machuquemos, mas as mais belas historias são feitas em cima de tragédias, então não há nada tão ruim que não se transforme num lindo conto, onde o final feliz só depende da gente. Não tenha pressa, trace seu caminho e ande! Não recue! Não se perca! Não tenha medo! Apenas dê um passo na frente do outro e aprecia as lindas paisagens da vida que só quem carrega a paz no coração consegue ver. Aprecie a vida! Não tenha medo de caminhar!

segunda-feira, 14 de março de 2011

O URSO E A PANELA

Certa vez um urso faminto perambulava pela floresta em busca de alimento. A época era de escassez, porém seu faro aguçado sentiu o cheiro de comida e o conduziu a um acampamento de caçadores. Ao chegar lá, o urso, percebendo que o acampamento estava vazio, foi até a fogueira ardendo em brasas e dela tirou uma panela de comida, abraçou-a com toda a sua força e enfiou a cabeça dentro, devorando tudo.
Enquanto abraçava a panela, começou a perceber algo lhe atingindo. Na verdade, era o calor da panela: ele estava sendo queimado nas patas, no peito e por onde mais a panela encostava.
O urso nunca havia experimentado aquela sensação. Então, interpretou as queimaduras pelo seu corpo como uma coisa que queria lhe tirar a comida.
Começou a urrar alto. E, quanto mais alto rugia, mais apertava a panela quente contra seu imenso corpo. Quanto mais a tina quente lhe queimava, mais ele a apertava e mais alto ainda rugia.
Quando os caçadores voltaram, encontraram o urso recostado a uma árvore próxima à fogueira, segurando a panela. O urso tinha tantas queimaduras pelo corpo que a panela colou nele. E, mesmo morto, ainda mantinha a expressão de estar rugindo.
Em nossa vida, por muitas vezes abraçamos certas coisas que julgamos ser importantes. Algumas delas nos fazem gemer de dor, nos queimam por fora e por dentro, e mesmo assim, ainda as julgamos importantes e queremos perto.  Temos medo de abandoná-las e esse medo nos coloca numa situação de sofrimento, de desespero. Apertamos essas coisas contra nossos corações e terminamos derrotados por algo que tanto protegemos, acreditamos, lutamos e defendemos.
Para que tudo dê certo em sua vida, é necessário reconhecer, em certos momentos, que nem sempre o que parece ser o melhor vai lhe dar condições de prosseguir, de ser feliz.
Tenha a coragem e a visão que o urso não teve.

...LARGUE A PANELA...



"Quem disse que viver é mais fácil que sonhar? Mas, mesmo assim, só se vive apenas uma vez..."

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

ANEL QUEBRADO...

       Sempre usei um anel de tucum no meu dedão da mão esquerda, ganhei de uma amiga no ensino médio, desde então nunca o tirei... Mas em um dia qualquer eu reparei que ele se quebrara! Não sei como, nem quando, simplesmente notei a rachadura nele e isso me trouxe uma dor terrível no coração. Parece um exagero, afinal, é só um anel, mas se pensar bem verá que não é...
                Como disse foi um presente de um amiga, isso já traz um grande peso, afinal uma lembrança de uma pessoa querida não é fácil de esquecer! Para ser bem direto lembre-se da sua infância e veja como em questão de segundos a imagem de velhos amigos virá a sua cabeça! Não é fácil jogar uma lembrança fora, não é fácil deixar pra trás algo que convivemos por tanto tempo.
                É verdade, já tive outros, mas não duraram comigo como esse, os outros foram levados ou talvez não tivessem tanta importância, simplesmente desapareceram em pouco tempo. Isso vale para lembrar que nada é eterno. A vida em si é assim, pessoas entram e saem na nossa vida, sempre deixam algo delas conosco, mas muitas vezes não dura o tempo necessário para se desenvolver algo precioso. Mas dessa vez não, já estava bastante tempo comigo, talvez a força daquela amizade tenha mantido isso até aqui. Como reza a lenda, precisava dessa proteção até esse momento e ao ver aquela rachadura foi assim que me senti: DESPROTEGIDO!
                Quer dizer, o tempo foi passando, eu fui mudando, as pessoas entraram e saíram de minha vida e eu tive aquilo sempre comigo, mas agora havia uma rachadura, havia algo que mostrava que já não servia mais! Tá, tudo bem, posso continuar usando, mas sempre haverá uma rachadura incomodando, não estará perfeito, sempre me lembrará que agora está frágil e em algum momento simplesmente se partirá para sempre. E o que fazer? Comprar outro! Lógico, mas não é tão fácil (isso mesmo, algo tão simples assim não é, na verdade, tão simples).
                Outro não terá toda história vivida, não terá participado de minhas lembranças... Mas se não o fizer, o perderei para sempre, só machucarei mais e tornarei uma simples rachadura em mil pedaços... E assim é a vida, não há como recuperar algo quebrado! Anéis não são como corações. Corações são fortes, mesmo machucados se regeneram e se fortalecem com cada arranhão, ficam mais ternos, sábios e fortes! Anéis desse tipo não, mesmo que se consiga tal façanha ele sempre irá ter um que de defeituoso, eles não vão aprender mais nada, ficarão eternamente quebrando até se tornarem inúteis. Isso vale para lembrar que as coisas são passageiras na nossa vida! A vida em si é passageira.
                Algo que me acompanhou por anos hoje tem uma rachadura e logo deverá ser trocado, mas como é difícil aceitar que tenho que mudar. Algo que se parte, não volta a ser como era antes... Como é difícil aceitar que nesse momento que estive distraído e ocupado cuidando de mim (crescendo) algo que considerava tão importante se partiu e agora precisa ser trocado antes que quebre de vez, até porque,com o tempo, começa a machucar o dedo... Isso me lembra da fábula do urso e da panela. Por vezes nos apegamos a uma determinada coisa que nos machuca e quanto mais machucado somos, mais a apertamos contra nossos corações por julgarmos precisar de tal coisa para viver ou sermos felizes, mas não é verdade, a felicidade não está em outro lugar se não em nós mesmos... Não precisamos de artifícios superficiais para sermos  felizes, sejam objetos, amores ou até mesmo dinheiro... Nada disso é importante se não estamos bem conosco.
                Outra coisa que isso lembra é que precisamos estar atento para as mudanças. Talvez um pouco mais de atenção tivesse me feito mais cauteloso e isso não teria acontecido, mas agora resta aceitar que o tempo passa, as coisas quebram, sentimentos mudam, pessoas mudam... Nós mudamos. Não sei quando encontrarei um anel diferente nem em quais circunstâncias isso acontecerá. Pra ser sincero, nem sei se estou pronto para me desfazer desse que me “protegeu” por tanto tempo, mas devo fazer isso antes que ele se quebre e eu não possa mais simplesmente guardá-lo, mesmo que rachado. É bom guardar com carinho as coisas que acompanham a gente por um determinado período, isso nos lembra que somos capazes de nos apegar e retribuir afetos.
                Vale lembrar que objetos são mais fáceis de substituir, independente do apego. Pessoas não! Pessoas não são objetos que passam na nossa vida, embora sentimentos mudem, amor se torne amizade, amizade se torne amor, amor em ódio, as pessoas não devem ser tratadas como objetos descartáveis, porque se o fizermos poderemos está a mercê de sermos descartados pela vida. Poderia dizer que eu simplesmente substituiria o quebrado por um novo, mas ai se perderia toda uma reflexão, afinal, até quando mudamos de roda de amigos é um processo lento que nos pega de surpresa. Não se pode negar que a mudança é algo crucial da vida e que em algum momento, em algum ponto do tear do destino, ela nos pega e faz com que amadureçamos sem notar. Dificilmente alguém parte um anel por querer...  Bem, estou apenas falando sozinho...
                

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

ARRUMANDO O QUARTO....

... Estava de bobeira, como em um dia habitual, no meu quarto e me senti incomodado com alguma coisa, não sei, mas algo não me agradava. Foi então que percebi  a bagunça ao lado da TV atrás de mim. Alguns mangás, réguas, carregadores, entre outras coisas. Aquilo sempre esteve ali, o tempo todo, mas hoje me incomodava. Então resolvi arrumar! Porque não? Só pôr as coisas nos lugares, tirar essa pilha desajeitada.
            E foi assim que comecei a tirar tudo e aos poucos colocando no chão e organizando. Uma lanterna LED, ainda com a tira da cabeça, acho que não lembrei  de guardá-la. Talvez porque me lembra da viagem que fiz com a turma de agronomia, nossa primeira viagem! Lembra o acampamento, a caminhada, nossos risos. E a gente não gosta de simplesmente guardar as lembranças, não, a gente quer sempre que elas estejam por perto, principalmente quando são de bons momentos, aí dá nisso a gente vai deixando ali pra tá sempre por perto e acaba se perdendo no meio de todas as outras coisas da vida que também esperam pra  serem vividas... Foi então que puxei folhas de papeis, algumas anotações sem utilidades, há muito esquecidas, mas estavam lá, empilhando, talvez lembranças que não conseguia deixar pra trás. Separei numa pilha, tudo que não servia mais e fui colocando ali essas coisas que já não tinham mais significados. Me surpreendi como em um espaço tão pequeno consegui juntar tantas coisas inúteis. Será que faço isso no meu dia a dia? Junto coisas inúteis dentro de mim, pequenas, mas que no fim formam uma pilha enorme de inutilidades?...
            Mas não tinha apenas coisas inúteis, não! Arrumando fui colocando em ordem meus mangás, historias em quadrinhos no estilo japonês, historias que eu cuidadosamente fui colecionando, esperando o próximo capítulo, tentando seguir aqueles personagens criados. Uma besteira talvez, mas todos temos um passatempo! Afinal, o que seria da vida se não fossem as historias que acompanhamos e crescemos vendo-as se desenrolar. Pronto! Aquele canto estava organizado, mas só isso não bastava, havia mais bagunça se acumulando no meu quarto. Meu Deus o quanto eu andei distraído! Quanto tempo eu passei só acumulando bagunça dentro de mim e ao meu redor? Será que eu ainda posso organizar tudo isso? Bem não custa nada tentar não é?
            Comecei a tirar os livros empilhados, organizar outros quadrinhos. Aproveitei que separei os livros dos quadrinhos e, com o espaço que agora estava vazio, comecei a organizar os mangás. Algumas histórias já completas há muito tempo foram colocadas lá atrás, as que ainda estavam em andamento na frente, e a primeira que eu colecionei, bem na frente. Afinal, nossas primeiras historias sempre são as mais valiosas, viram lembranças memoráveis contadas nas rodas de amigos, mas isso não significa que os que ficaram lá atrás foram postos a mercê do tempo para serem esquecidos. Não! A gente sempre faz um esforço pra relembrar de tudo que passa na nossa vida, por vezes temos que tirar o que tá na frente para ver o que está por traz, pensando nisso, sabemos que não serão esquecidos. Como foi gostoso colocá-los em ordem, vendo os números completando-se e me mostrando que eu estive com eles em todos os momentos. Bem em uma das coleções faltava um numero, talvez não tivesse importância antes, mas olhando bem, isso me faz lembrar que por vezes desmereci algo que considerava importante pra não ficar por baixo, no final deu nisso, uma parte da história que eu vou ter que correr atrás para, quem sabe, conhecê-la completa um dia. Pode parecer pouco, apenas um exemplar, mas pense em quantas pessoas afastamos por puro orgulho, perdemos bons momentos que poderíamos ter vivido com elas e quando finalmente vencemos nosso orgulho a história não está mais como antes...
            E agora os livros! Ah! As preciosas historias, aventuras vivenciadas a cada virar de página. Olhei para eles postos em fila indiana, bem comportados. Faltavam alguns espaços. Livros emprestados que, talvez, nunca mais retornem, historias lindas, que agora estão em outros lugares. Penso que se fosse mais cuidadoso teria certeza que todos voltariam para minha mão, mas é comum do ser humano dar mais valor às histórias quando estas não podem mais serem relidas. Mas enfim, sei que alguns ainda voltarão, talvez tenha dado algum valor ainda e agora sei que darei ainda mais. O engraçado é que enquanto ia preenchendo os espaços achei um livro, “A Reliquia”, antigo, acho que ganhei com 16 anos, uma cena me veio à cabeça:
Ao telefone:
            - Filho, to voltando pra casa amanhã de manhã
            - Ta bem pai... Me traz alguma coisa
            - Ta bem, o que você quer?
            - Um livro! Qualquer um!
            - Ta bem, eu levo...
            Era sempre assim, ele sempre trazia, mesmo sem saber o que eu gostava de ler. Nunca li esse livro, pra ser sincero. Ainda preservo ele no plástico. Foi o ultimo livro que meu pai me dera. Depois dali entrei na universidade, calculo, lia outras coisas, procurava contar mais comigo e, antes que eu terminasse essa jornada universitária, ele me deixou. Se eu soubesse que esse seria o ultimo livro que ele me daria, acho que teria feito algo diferente, pra ser sincero acho que teria pedido outros ao longo da vida e lido todos junto com ele. Hoje me pergunto qual seria o próximo se tivesse pedido. Quando o encontrei dei um leve sorriso enquanto uma lagrima descia pelo meu rosto. Ao fundo tocava Adriana Calcanhoto: “Não é fácil, não pensar em você, não é fácil, não te contar meus planos...”. Quando arrumamos uma bagunça, corremos o risco de encontrar coisas que nos arrancarão lágrimas, afinal o coração da gente é muito maior do que o espaço que o aloja...
            Foi assim que olhei pra algo escondido no fundo de um dos espaços, outro livro: “A menina que roubava livros”. Uma historia que só fui até a metade! Acho que todo mundo já parou alguma coisa no meio, não porque não valesse a pena, mas simplesmente porque não nos atraiu, e por mais que tentássemos aquilo não prendia nossa atenção. Quem sabe um dia termine de ler... Mas ao menos ele voltou para o seu espaço. Já não havia mais um espaço vago ali. Por fim, quando tudo já estava terminando achei o meu precioso “o pequeno príncipe”. Foi na simplicidade dele que aprendi o que era cativar. Foi quando descobri que o essencial é invisível aos olhos e que na época eu era jovem de mais para entender o que era amar. Mas hoje sei o quão aquela rosa é única no mundo, fui cativado e cativei várias pessoas. Então para quem me ensinou essa e outras lições, coloquei em um lugar especial.
            Bem, por fim dei um trato nas minhas gavetas, anotações, textos, folhas, mil coisas imprestáveis, empilhadas em cantos que poderiam guardar preciosidades. Tudo para o lixo! Impressionei-me como poderia caber tanta inutilidade em um lugar tão pequeno! Senti-me mais aliviado, o coração mais leve quando joguei tudo fora. Ainda há lugares para serem arrumados, mas sou humano, um passo de cada vez. Olhei para tudo e ainda senti algo estranho. Não era o quarto em si que estava bagunçado, mas eu que estava mudando e meu interior estava tão desorganizado que eu precisava organizar meu coração, achar espaço para as coisas novas e jogar fora tudo que fosse imprestável, tudo que empilhava e o deixava pesado.
No fundo sabemos que quando começamos a arrumar nosso quarto, na verdade, é nosso interior que precisa ser organizado. Porque não aproveitamos que o ano está apenas começando e organizamos nosso quarto, jogamos todas as coisas que não fazem mais sentido no lixo, larguemos aquilo que nos apegamos, mas que hoje só entulha nossa vida. Quem sabe descobriremos que nós temos um espaço muito bonito dentro da gente... É algo para se pensar sozinho!

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A PESSOA ERRADA

Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia, e ouve e pensa, 
não existe uma pessoa certa pra gente 
Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é,
na verdade, a pessoa errada 
Porque a pessoa certa faz tudo certinho 
Chega na hora certa, 
Fala as coisas certas, 
Faz as coisas certas, 
Mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas 
Aí é a hora de procurar a pessoa errada 
A pessoa errada te faz perder a cabeça 
Fazer loucuras 
Perder a hora 
Morrer de amor 
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar 
Que é prá na hora que vocês se encontrarem 
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa 
Essa pessoa vai te fazer chorar 
Mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas 
Essa pessoa vai tirar seu sono 
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível 
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão 
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado 
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você 
Vai estar o tempo todo pensando em você 
A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo 
Porque a vida não é certa 
Nada aqui é certo 
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo 
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo 
E só assim é possível chegar àquele momento do dia 
Em que a gente diz: "Graças à Deus deu tudo certo
Quando na verdade 
Tudo o que Ele quer 
É que a gente encontre a pessoa errada 
Para que as coisas comecem a realmente funcionar direito prá gente.
Nossa missão:
Compreender o universo de cada ser humano, 
respeitar as diferenças,
brindar as descobertas, 
buscar a evolução. 
 


Quando a gente acha que tem todas as respostas,
vem a vida e muda todas as perguntas ... 

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Nem é tão diferente assim...

                Até onde realmente existe a diferença? Quer dizer, o quão somos diferentes dos demais, das pessoas que nos cercam e até mesmo daqueles que ainda não conhecemos? É essa questão que ronda minha cabeça já faz algum tempo. Ser diferente por vezes é motivo de alegria, alguém que se diferencia dos outros, o estudante mais inteligente da turma, o artista de obras fenomenais, etc. A diferença devia ser algo valorizado sempre, mas nem sempre o é.
                Às vezes o “nerd” do colégio também é vitima de bullying. Às vezes aquele artista fenomenal, é por vezes incompreendido... Isso acontece por que as pessoas adoram tentar ser diferentes uma das outras, mas são poucos que estão preparados, que são realmente mente aberta para aceitar pessoas diferentes. Cansei de ouvir noticias sobre agressões a outras pessoas, amigos meus foram agredidos por serem homossexuais, outros foram humilhados por fazer o que gosta por não ser “coisa de menino” e acho que essas coisas poderiam ser evitadas, quer dizer, o que faz dessas pessoas tão diferentes dos demais?
Quem você namora não define quem você é! Com quem você anda não diz, necessariamente, o que você faz! As pessoas são mais que aparência, são mais que palavras, são mais do que uma simples roupa. As pessoas deveriam ser vistas através de suas atitudes, através de seus esforços. As pessoas deveriam ser vistas como seres humanos, independente de quem elas sejam. Não to aqui para dar uma lição de moral ou falar mais uma vez sobre direitos humanos, não! Mas queria levar a pensar que são as diferenças que fazem o mundo ser bom.
                Se tudo fosse apenas verde, qual graça teria? Até se as cores não se diferenciassem entre si não seria agradável enxergar. Então porque tanta agressão, tanta hostilidade, tanto rancor com as diferenças na vida dos outros? Acho que o problema não é bem o “ser diferente”, o problema mesmo é o “ser igual”. Àqueles que notam que não são diferentes, mas sim iguais a todo mundo, que não tem nenhum diferencial, nada que os destaque e façam brilhar, esses sim se revoltam por não estarem satisfeitos em simplesmente ser normais e atacam os diferentes (já que eles não podem então ninguém mais vai poder!).
                Eu não sou a favor dos “normais”, nem sou radical o suficiente pra dizer que acho tudo “comum” nessa vida (ai eu estaria sendo radicalmente normal rsrs), mas tenho certeza de que concordo que o que há de mais belo nessa vida é o diferencial que existe em cada parte desse mundo e até dentro de nós mesmo. Ninguém é obrigado a aceitar uma coisa diferente, mas respeitar (ou ao menos tolerar) é um dever de todos. É algo que eu estou apenas “speaking by myself”.

A alma dos diferentes

 
Diferente não é quem pretenda ser. Esse é um imitador do que ainda não foi imitado, nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora, momento e lugar errados para os outros. Que riem de inveja de não serem assim, e de medo de não agüentar, caso um dia venham a ser.
  O diferente nunca é um chato. Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis. Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados; vitórias, adiadas; esperanças, mortas.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem. Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro. Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride.Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.
O diferente paga sempre o preço de estar- mesmo sem querer -alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores. O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual, a inveja do comum, o ódio do mediano.
O diferente começa a sofrer cedo, já no primário, onde os demais, até mesmo alguns adultos, por omissão, se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial em aleijão e caricatura. O que é percepção aguçada em: “Puxa, fulano, como você é complicado”. O que é o embrião de um estilo próprio em: “Você não está vendo como todo mundo faz?”
O diferente carrega desde cedo apelidos e marcações, os quais acaba incorporando. Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram (e se transformam) nos seus grandes modificadores.
Diferente é o que vê mais longe do que o consenso. O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber. Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco; chora onde outros xingam; estuda onde outros burram. Quer onde outros cansam; espera de onde já não vem; sonha entre realistas; concretiza entre sonhadores. Fala de leite em reunião de bêbados; cria onde o hábito rotiniza; sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera. Aceita empregos que ninguém supõe. Perde horas em coisas que só ele sabe a importancia. Engorda onde não deve. Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas. Não desiste de lutar pela harmonia. Fala de amor no meio da guerra. Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.
Ele aprendeu a superar o riso, o deboche, o escárnio, e a consciência dolorosa de que a média é má porque é igual. Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados, magros demais, cegos, inteligentes em excesso, bons demais , excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas, cheios de espinhas, de mumunha… Aí estão, doendo e doendo, mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.
A alma dos diferentes é feita de uma luz além. Sua estrela tem moradas deslumbrantes que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender. Nessas moradas estão tesouros da ternura humana dos quais só os diferentes são capazes. Não mexa com o amor de um diferente. A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.
sou diferente, e vc?